Cercanias do universo
A tarde pinga tal qual poesia no leito do lago e fica na superfície com restos de sol nas mãos. Depois, lentamente, é como se olhasse para o horizonte e desmaiasse de saudades.
A noite soberana desce as escadarias do céu e vem para os terrenos, enquanto lá em cima começa o garimpo de sonhos e mistérios e tais quais diamantes, saltam estrelas por todos os cantos.
Mais tarde quando a madrugada se levanta insone, calçando os pés de nevoeiros e vagando em silêncios, vai soprando brisas pelo corpo das quietudes, até que chegue às cortinas da manhã. Abre-as e tal qual moça em esperanças, novo dia debruça-se na janela para que o sol novamente desponte, depois de ter corrido o outro lado do mundo.
O tempo é na verdade todas as cercanias do universo, que por infindáveis dias e noites vive numa solidão estreita observando todos os espetáculos da vida e de tudo que povoa o espaço.