Liberdade 36

(Canto noturno)

Nunca fujira de mim!

Garantidor dos remos

As mãos de m'alma.

Tu, me fizeste para maré, Mar

Tu, me fizeste

Eu e Eles

Navego

Seu toque doi, em amor

Roi, a corroer

Minha intangível, incorruptível

Essência sem causa

Doença e cura, que dela renasço

Condenada a continuar sendo amorosamente em Ti

Totalidade umectante, toda penetrante em Luz

Seu toque Imanente

Que me trouxe

Faz de mim flambado

Degusto Tu em mim

Insaciavelmente

Mesmo que de mim emerja

Incompletudes da natureza substancial

Plasmado que me deu forma

Faltando-me por instante o impulso

Para a fé

Certeza de seu entranhável amor

Decaindo da total dependência de Ti para Ser

E a escuridão a me espreitar

Comprime-me

Vendo-me Eu e Tu como dois

Na separatividade que me leva à solidão e à morte

Sei que se Tu É

Ora onda, Ora partícula

Sempre me trará de novo à harmonia

Corrente enfeitada de pérolas

Suprema Canção, Vida

Que me junta e rejunta como quer

Estarei, enquanto me tiver em eternidade

A esmorecer de amor

Como o Oleiro e o barro, me faz e refaz

Eu Sou

Substância Tua

Que Tu molda

Como, onde, e quando quer

Sempre para, em condições dê

Irei junto ao mar

Caso desista de mim

Enquanto aqui permanecer

Inafastável Ser de Tudo que Há

Estarei a esvair todos as noites em ti

Para acordar em ti

Quando o amanhã chegar

Caso queira

Me queira

Aqui

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 04/04/2024
Reeditado em 04/04/2024
Código do texto: T8034962
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.