Momento

Tudo o que me é intrínseco, parece-me único.

Em cada amanhecer, o emanar da luz, o sussurro do vento.

O silêncio... Ah! Como o silêncio me fala aos ouvidos.

Ouvi-lo é como uma leitura de minha essência.

Minuciosa leitura do que sou.

 

Sinto como se minha vida fosse diversa a este mundo,

Aos valores, aos objetivos e à própria existência.

Não sei bem onde possa encaixar o que do pensamento flui,

Que de modo inorgânico, apresenta-se como uma realidade indivisível,

Uma simetria unicamente ligada ao tempo e a espera...

 

Esperar, esperar, esperar...

Quanto pode acumular de conhecimentos uma montanha de pedra,

Apenas por sentir o tempo, o vento, a chuva e as sombras das nuvens?

Um conhecimento que abraça seu todo e escreve sua história.

 

Parte de mim é vida latente. Parte de mim é pedra.

A vida se esvai por entre as entranhas do tempo,

Em um emaranhado de momentos incompreensíveis.

E minha alma irá procurar talvez um topo de colina,

Ou a placidez das planícies, para que finalmente,

Meio a toda essa guerra e bombardeios, eu seja apenas paz.