NHEN-NHEN-NHEIM

Logo de manhã, o fanho, depois de ter sonhado um sonho repleto de emaranhados e de coisas estranhas, com um bando de gafanhotos se engalfinhando com golfiinhos voando feito passarinhos, fez com que ele acordasse tendo a fronha toda molhadinha de suor. Levantou-se devagarinho, foi fazer a caminhada e, após o banho, aínda peladinho, ficou acanhado ao ouvir a campainha.

Era a medonha vizinha oferecendo um cafezinho, bolachinhas e manteiga no pãozinho quentinho, deste tamanho.

Envergonhado, diante do ocorrido, enquanto o seu gatinho "minhava", portou-se enfadonhamente, se escondendo para que ela não visse sua cara toda amarfanhada,

Ficou bem quietinho no cantinho da cozinha, sequer acendeu a luz e, no escurinho, falou baixinho: "Nhe-nhe-nhem, quem nhé?"

E o gatinho ao presentir a proximidade da vizinha engatinhou até a porta, com suas patinhas arranhando-a, gastando suas unhas.

Mas a vizinha, coitadinha, era surdinha, não escutou nadinha e deixou um recadinho escrito em duas linhas: "Quando estiver sozinho toque a minha campainha ou deixe um bilhetinho, prometo tratà-lo com muito carinho.

Assinado: Carminha, a vizinha".

Diante da façanha, o fanho assanhado que andava muito tristonho se revelou um sujeito tacanho e safadinho, desta vez não fanhou, mas pensou todo risonho: "terei um ganho, essa vizinha vai entrar na minha, vai acabar no meu ninho. Ela aínda dá um bom caldo, um bom caldo de galinha."

Nota do autor : O texto não é tão bonzinho, mas também não é tão ruinzinho.

Samuel De Leonardo (Tute)
Enviado por Samuel De Leonardo (Tute) em 01/04/2024
Reeditado em 17/04/2024
Código do texto: T8032815
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