NHEN-NHEN-NHEIM
Logo de manhã, o fanho, depois de ter sonhado um sonho repleto de emaranhados e de coisas estranhas, com um bando de gafanhotos se engalfinhando com golfiinhos voando feito passarinhos, fez com que ele acordasse tendo a fronha toda molhadinha de suor. Levantou-se devagarinho, foi fazer a caminhada e, após o banho, aínda peladinho, ficou acanhado ao ouvir a campainha.
Era a medonha vizinha oferecendo um cafezinho, bolachinhas e manteiga no pãozinho quentinho, deste tamanho.
Envergonhado, diante do ocorrido, enquanto o seu gatinho "minhava", portou-se enfadonhamente, se escondendo para que ela não visse sua cara toda amarfanhada,
Ficou bem quietinho no cantinho da cozinha, sequer acendeu a luz e, no escurinho, falou baixinho: "Nhe-nhe-nhem, quem nhé?"
E o gatinho ao presentir a proximidade da vizinha engatinhou até a porta, com suas patinhas arranhando-a, gastando suas unhas.
Mas a vizinha, coitadinha, era surdinha, não escutou nadinha e deixou um recadinho escrito em duas linhas: "Quando estiver sozinho toque a minha campainha ou deixe um bilhetinho, prometo tratà-lo com muito carinho.
Assinado: Carminha, a vizinha".
Diante da façanha, o fanho assanhado que andava muito tristonho se revelou um sujeito tacanho e safadinho, desta vez não fanhou, mas pensou todo risonho: "terei um ganho, essa vizinha vai entrar na minha, vai acabar no meu ninho. Ela aínda dá um bom caldo, um bom caldo de galinha."
Nota do autor : O texto não é tão bonzinho, mas também não é tão ruinzinho.