Vamos chamar o vento?

Depois do barro, um sopro e cá estamos e nunca mais paramos. Respiro. Gostaria somente de escrever verdades, mas me inclino a invenção — mote maior pr’um criador. Assim: sovar até que esteja bom, olhar até que veja a si, soprar pra despertar o tino — e aí errar, como todo aquele que cria e então acertar como todo aquele que erra.

Expiro.

Inspiro.

A cada movimento atiço meu elo com Deus. Assim entendo a crença e só quando não desconfio é que faço a fé, então indago: de onde vem? Não para saber dela, mas de mim — que acumulo ventania. Penso. Deus nos dando a natureza de sopro alguma coisa Ele queria com isso. Transpiro.

>>>>>>>>>>O corpo além de não saber, se questiona].

Nanu para desatar nós assoprava assoprava assoprava. Quando ia falar assobiava.

— Vamos chamar o vento?

— Fuuu fufufufufu

A Neves
Enviado por A Neves em 31/03/2024
Código do texto: T8031538
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