VIVENDO NA BORDA
borda
As lágrimas que percorrem meu rosto,
Submergem-me em um oceano de aflições,
Levando-me a questionar a própria essência do ser,
A dor que permeia, oprime-me em vastidões silenciosas,
Onde os clamores e prantos sanguíneos na noite gélida jazem inaudíveis,
Encerrado nas grades de minha criação,
Cativo de um coração magnânimo que rejeita partir sem causas,
Considerando seus motivos ínfimos.
Habito a margem da existência, não é segredo, sinto até a derradeira gota deste veneno amargo e letal.
Esforços para escapar foram em vão, incontáveis são as tentativas.
Perdi-me em um mar de excessos.
Busco o sono, busco o despertar.
Não, desconheces o desafio de sorrir com rancor.
Sim, na noite pretérita, verti lágrimas, supliquei auxílio aos meus demônios,
Roguei por salvação de meu universo psicótico.
Anseio pela felicidade, almejo concentrar-me em mim, unicamente em mim.
Rejeito tua audição, rejeito tua voz.
Rogo por auxílio!
Subjugado por anseios e temores,
Por que não me ofertas tua mão ao invés de sermões ásperos?
Desejaria a valentia de meu progenitor,
A coragem de desaparecer sem retorno.
Desejaria a indiferença de minha genitora,
Que ignora as dores e se ausenta.
Contudo, pondero demasiadamente, sobre muitos.
E tal reflexão me atormenta.