Ainda sobre o tempo
Na trajetória da vida, carregamos conosco obrigações que são como sombras constantes, incumbências que nos foram confiadas para serem cumpridas no espaço que chamamos de lar. Contudo, o tempo, esse eterno companheiro, não se deixa iludir; ele avança veloz como o raiar do dia.
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Num piscar de olhos, nos damos conta de que o sol já se pôs e o crepúsculo da semana se aproxima, as horas parecem voar como uma andorinha em seu voo migratório. O tempo, implacável, tece décadas, constrói anos diante dos nossos olhos, e então somos confrontados com a mesquinhez da nossa sina terrena.
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Não há como retornar ao passado, é tarde demais para remendar os erros ou reviver momentos perdidos. Mas, se acaso uma oportunidade fresca surgisse diante de mim, eu a abraçaria sem hesitar, desprezando a tirania do relógio, seguindo adiante em busca da paz interior, liberando-me do fardo solitário do tempo que passou.
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Eu lançaria ao vento a casca dourada e vazia das horas que não vivi plenamente, mas apenas atravessei de forma superficial. E assim, com a alma leve como uma pluma, despojada de quaisquer amarras, seguiria adiante no caminho da existência, sem temer o que ficou para trás.
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[Inspirado nos relógios e na casca dourada e vazia das horas, de Quintana]
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MMXXIV