Vento
Perguntei para um amigo que mora na Capital:
Como foi o temporal por aí?
Não te assustaste com o barulho do vento?
No que ele me respondeu:
Não vi nada! Fechei a janela e o silêncio se fez.
Pensei…
Mas bah!
Eu ouvi o lamento dos passarinhos que talvez tenham perdido seus ninhos,
Ouvi minha cachorra latir de medo,
Ouvi meu gato arranhar a porta para entrar, no que corri para abrir.
Então pude ver e sentir intensamente o vento, o cheiro de terra molhada, as árvores balançando, A água da chuva descendo a ladeira levando tudo por diante,
Levando a areia da construção do vizinho,
Levando as folhas depositadas na minha calçada,
Levando o guarda-chuva da menina que desistiu de contê-lo.
Eu vi tanta coisa!
Vi que é hora de aproveitar a terra molhada e macia para plantar minha muda de buganvília cor-de- rosa,
Vi que não se pode fazer muita coisa quando a natureza quer nos dar uma lição.
Somos pequenos e insignificantes diante da força da natureza.
Como na frase do poeta “Fred Martins”:
Há com certeza os dias que não só pela chuva, que o calendário adia.