Atemporal
Hoje, exatamente hoje, o calendário anuncia o dia em que, em meio a um turbilhão, onde o chão sumiu, o céu caiu e eu vi o meu avesso exposto, um afeto se cristalizou.
E como prenunciamos, sem saber, ele se tornou atemporal.
Não cresce, nem diminui.
Não morre, nem vive.
Não se explica, não faz sentido, mas contamina tudo, ainda.
Diz que é possível, que existiu.
Mas diz também que é improvável que aconteça outra vez.
Prova que eu estava certa em me guardar e esperar.
E mostra que isso não garantiria nada.
Algo que me preenche, exato.
E que me isola, infinito e inusitado.
Cumprindo todos os presságios contidos
nas canções compartilhadas
nos poemas inspirados
nas palavras que, mentindo, disseram a verdade concreta do que evocaram.
Doloroso demais para ser uma fantasia.
Se eu senti, foi real.