Eu em mim

Não!... nem sempre fui assim...

Esta que agora vês...

Em vestes de carmesim,

(Vez ou outra ainda sangro)

expondo a nudez da alma,

sem a mínima intenção de causar espanto,

tem agora a resistência de marfim.

Ó que sina!... pobre de mim!...

Eu que queria apenas ser flor...

Fui perdendo pétala por pétala...

Inevitável é a dor!...

Fiz uso dos meus espinhos

Para minha auto preservação

Estamos sempre sozinhos

De mãos dadas com a solidão...

Deixei rastros... fragrâncias...

Deu tempo de enxergarem minha essência?

Entre um tombo e outro,

Joelhos ralados, coração estilhaçado...

Fissuras, cicatrizes...

Diretrizes!

Foi por um triz... e eu me refiz!

Sou artesã na vida!

Tecendo retalho por retalho...

Aguerrida!... apenas dando conta do recado...

Porém, a vida é um tesouro!

Oculto e subjetivo é seu valor...

Ainda que tudo tenha me modificado

Não fiz corpo mole em meu labor

Acolhi as matérias primas recebidas

Aprimorei tudo dentro de mim...

Pois na minha hora derradeira

Quero ter a paz dos justos

Sem lamento ou choradeira,

Ter a certeza que fui tudo...

Inda que alguns me assome como nada

Sê abundante até o fim!...

Pois não me ausentarei em minha jornada.

Fênix Arte
Enviado por Fênix Arte em 16/03/2024
Código do texto: T8021254
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