Eu em mim
Não!... nem sempre fui assim...
Esta que agora vês...
Em vestes de carmesim,
(Vez ou outra ainda sangro)
expondo a nudez da alma,
sem a mínima intenção de causar espanto,
tem agora a resistência de marfim.
Ó que sina!... pobre de mim!...
Eu que queria apenas ser flor...
Fui perdendo pétala por pétala...
Inevitável é a dor!...
Fiz uso dos meus espinhos
Para minha auto preservação
Estamos sempre sozinhos
De mãos dadas com a solidão...
Deixei rastros... fragrâncias...
Deu tempo de enxergarem minha essência?
Entre um tombo e outro,
Joelhos ralados, coração estilhaçado...
Fissuras, cicatrizes...
Diretrizes!
Foi por um triz... e eu me refiz!
Sou artesã na vida!
Tecendo retalho por retalho...
Aguerrida!... apenas dando conta do recado...
Porém, a vida é um tesouro!
Oculto e subjetivo é seu valor...
Ainda que tudo tenha me modificado
Não fiz corpo mole em meu labor
Acolhi as matérias primas recebidas
Aprimorei tudo dentro de mim...
Pois na minha hora derradeira
Quero ter a paz dos justos
Sem lamento ou choradeira,
Ter a certeza que fui tudo...
Inda que alguns me assome como nada
Sê abundante até o fim!...
Pois não me ausentarei em minha jornada.