SOLIDÃO E AS COISAS DA VIDA
Como pode a solidão ser só mais um sentimento abstrato, com todo o peso que possui?
Não posso ver! Nem tocar! Nem ouvir! Mas posso sentir com todas as forças e sentidos ocultos. É, inquestionavelmente, uma das coisas mais pesadas que tenho em mim, e ainda assim, consigo carregá-la todos os dias sem ter a sensação de que vou ceder a qualquer momento por falta de força física ou espiritual.
Densa! Densa como o estado sólido de toda a matéria que existe no universo. Faz-se ainda mais presente quando a noite cai e vêm trazendo junto dela todas as coisas do mundo. É forte, persistente, confusa, nostálgica, filosófica e poeticamente avassaladora. Posso senti-la em todos os lugares. Ela está sempre lá, em tudo e em todos. Na dança da vida é ela quem me tira pra dançar. Mas diferente de mim, logo ela, nunca está sozinha. Que dissimulada! Chega sempre acompanhada de outros sentimentos. Uma confusão do que é bom e do que é ruim. De memórias afetivas e saudade. Do ontem e do amanhã. De predicados consumados e das coisas que nunca acontecerão.
Já é tarde da noite e eu tô aqui, longe de casa, mais uma vez, sozinha no escuro do meu quarto. Ah, solidão! Companheira dos(as) poetas. Musa inspiradora de quem escreve as coisas da vida em prosa e poesia.