Semente sem destino
Meus pés caminham devagar
Pois o vento sopra contra mim
E eu rolo
Como uma semente inocente
Pelo espaço e pelo tempo
Na poeira infame
E caio no beco da mortalidade
Esperei a chuva cair
Para o meu nascimento
Mas o sol ardente da primavera
Secou as gotas
Das nuvens indolentes
E o meu crescimento foi acontecendo
Dentro de uma cúpula
Onde o aroma
É de imortalidade
A cor era verde
O verde da esperança e da liberdade
Mas acordei com as vestes
De um adolescente
Agonizado por não gozar
A liberdade do tempo e do espaço
Lourenço Duarte, 2024
(texto escrito em 1979 - Curitiba - Paraná)