Torrente
Desço nesta torrente em que encontro escorrer a minha sombra. A sombra do meu inconsciente que se choca nas pedras. A sombra dos meus sentimentos frágeis que o abismo da água permite esconder-me sob a máscara. Tenho afogado meu verdadeiro eu, onde a inconsistência dos galhos quebradiços mancha a superfície da água. Os raios do sol enfervecem esta cachoeira apagada pelas possibilidades do infinito, dando a cada luzir novas chances de mudar. Mudei-me de mares azuis em que peixes banharam seus cardumes sobre mim. Mudei-me de oceanos, que a costa do náufrago prometeu trazer novas histórias, amores e amizades eternas. É assim que marítimos se afundam.