Naufrágio
Quando afundou por demasiado peso,
naufragou em tudo.
Abandonando as vestes rasgadas e sujas,
Corroídas pela dor da luta.
Sem saber nadar, nadou.
Os olhos ardiam,
Numa cegueira temporária
Colidiu com o abrir dos olhos.
Nos punhos,
Chanfrado metal
Que sustentavam as correntes.
E pelo caminho,
Um molho de chaves
Dava acesso a cada porta
Rumo à terra firme.
Os pés envoltos na areia
Lembravam o vaivém do mar.
Entre sol e temporal,
O que era mal
Não resistiu ao sal...
Agradeço a linda interação
do poeta
Alexandre Alaor Berghahn:
Terra Firme
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Resignada, ali fica aprisionada num sonho.
Acorrentada à espuma que em seu torno
dança…
Saboreando das vagas azuis, mar que
bate risonho,
Hospede de um velho penedo que ali
descansa.
Abriga no teto do seu portal, lembranças,
Queixas e desabafos de solitários momentos...
Empresta sombra a homens, mulheres e
crianças
Guarda secretos segredos…
Salpicos de amores!
Firme e ancorada em salgadas visões
Fixa olhares às estrelas que lá moram
distantes…
Furta o luar á lua em noites de
constelações,
Chapinhadas pelas caudas das sereias
amantes.
Abres asas à imaginação, a quem por ti
passa,
E alagas em mim, saudades que por ti
sinto…
Revestes-te de magia na fina areia
descalça,
Portal da rocha… Enfim terra firme
livre do mal!
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