Limbo

Caminho lentamente pelas brumas de silêncio e caos. Sob a névoa intensa nada vejo. Sinto minha pulsação. Ouço o som áspero da minha respiração. Estou no vazio.

Um outro mergulho interno. De encontro a nada. Ao todo desconhecido e misterioso de mim.

Para além das brumas na noite escura, o sol intenso de um deserto árido, infértil, onde um cacto espinhoso insiste em florir. Meus pés afundam na areia quente e meu corpo se ressente de não sentir mais nada. Parece um sonho louco, mas é apenas um delírio. Uma dança insana de palavras quando a poesia grita nesse frio silêncio cortante. Meus cacos ainda doem. Mas, eu não escolheria outra vida senão essa aqui. Muito longe de todo glamour que imaginei para os meus cinquenta anos, os tempos agora são de intenso aprendizado. De fantasmas que abandonaram as sombras. Assombram as conquistas dos últimos anos e tudo parece perder o sentido. Escrever é o que basta! Para soltar as amarras. Libertar as palavras. Deixar o barco ir... E, então, recomeçar!

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 04/03/2024
Código do texto: T8012571
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