Mundo: Em transmutação
O mundo não é mais o que tínhamos há tempos atrás...
A ampulheta lentamente demonstrando a sua passagem sem ao menos nos darmos conta.
Antes possuíamos a sensação de segurança –
Ledo engano –
Gradativamente, o mal foi se revelando,
Mostrando a sua cara com efeito de pragas modernas.
Em um passado remoto -
A liberdade de ir e vir à qualquer momento do dia,
Ou certas, horas da madrugada,
Eram degustadas com satisfação.
Por onde andará esse tempo perdido?
Será que ainda o encontraremos,
Ou permanecerá a sensação resguardada na memória de alguns?
Efeito psicodélico –
Esvaindo-se em ritmo acelerado o respeito,
Orbitando fora de controle.
A máquina vai tomando forma,
Invadindo sem pedir licença o lugar da essência.
Ao invés, de veias e artérias prevalece fios e eletroudos.
Por um momento, não sei por qual motivo o equívoco se deu.
Se foi em razão ao crescimento,
Ou se alguém tirou a nossa inocência.
E/ou se deixamos nos perder pelo meio do caminho –
Aprendendo como é dura a realidade...
Talvez essa seja a verdade,
Instalando-se a saudade do que possuíamos,
Com a correria da vida,
De adquirimos conquistas –
Sem percebermos o essencial foi ficando para trás,
Sem fazermos menção do que abandonamos pela estrada afora.
No entanto, é chegado um momento da encruzilhada da vida –
Ela cobra o seu preço,
Obrigando-nos a ponderar de fato os nossos desejos,
Dando margem ao que realmente é importante da existência na face da Terra.
Muitos se perdem pelas trilhas da ostentação,
Aprisionando-se em armadilhas mortais, quem sabe até mesmo limitante, caindo em sono profundo existencial –
Acreditando que estão em uma alto hierarquia do capitalismo.
Outros se enveredam pelos labirintos da opressão,
Reprimindo os outros,
Usando de artifícios fúteis –
Culminando em violência.
Esse movimento vai crescendo continuamente,
Ao ponto de ameaçar ou sem convite algum, invadir as nossas casas,
Seja, em qual ângulo for.
O poder brinca com a nossa cara,
Feito um cabo de guerra –
Para ver quem tem maior força.
Ameaçados -
Invisivelmente amordaçados,
Falsa impressão da Democracia.
Antes a vida seguindo o curso natural,
Hoje percorremos o dobrado para a sobrevivência.
Infelizmente, existem aqueles que se escondem,
Como também ecoa os gritos dos descontentes –
Embora, correndo os riscos de serem abafados.
Por várias camadas, bombardeados,
O multiverso da lavagem cerebral.
O racismo alardeado por mídias sociais ou não,
Na objetificação da pele negra.
A tecnologia usando os irmãos,
Numa luta antirracista –
Onde o branco executa sem dó e nem piedade,
Comoção à torto e a direita.
O certo e o errado entrando em rota de colisão,
Perdendo-se os valores.
O disse me disse vagando pela rede mundial.
Qual é a sua necessidade de fala?
Qual é o tamanho da sua projeção?
Tem algo plausível à acrescentar?
Ou deseja encher linguiça seguindo a moda?
Para se mostrar, é finalmente, ser notado?
O quanto é verdadeiro?
As fakes news cumprindo um papel inútil e ridículo,
Totalmente fora de contexto –
Apenas para gerar o caos.
Realmente, nada não é mais o de antigamente,
Um mundo onde a convivência era mais pacata.
Onde havia espaço para o diálogo,
E ninguém desejava ser maior do que os outros,
Em uma triste competição de egos.
Sinto falta da sintonia dos amigos,
Das conversas sem pretensão até tarde na calçada.
Das brincadeiras –
De transitar de um bairro para o outro, após o fim de alguma festa.
O lugar que conheci –
Permanece no imaginário –
Habita em meras lembranças.
Em imperfeita transformação,
Regida por forças inimagináveis.
Transmutou-se em bomba relógio,
Na iminência de explodir –
A qualquer momento –
Sem nenhum aviso.
E que Deus tenha misericórdia –
De nossas almas.
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