Sopro

Alheio ao sopro de tudo

O trago que se esvai

A fumaça perdida no ar

O silêncio da luz de um sol

Aquecendo folhas

Copas e árvores

Águas de um rio quente

Que corre entre pedras e lixo

Belo e sujo

Como tudo que existe

Montanha que observa ao longe

Imóvel

Mesmo corroída

Pela destreza e fúria dos ventos

Movendo a poeira dos agoras

Sou eu

Esta terra e o tempo que passa

Passo eu

Nesta névoa

No canto de um pássaro

Na inutilidade de uma mosca entre migalhas

O som das cidades lá fora

Aqui dentro

Sou eu

Que pairo

Entre os vãos do indizível