Marginalizados ...
Um poema na memória tem o costume de sempre emergir e insistir em aparecer nos momentos mais frágeis de nossas vidas.
Esse inquietante ser marginalizado e tão necessário na premência de um peito aflito. E no esquadro da janela, ainda sinto o seu aroma.
... Uma pintura antiga; mísera e pequena. Com apenas uma casinha de barro e uma jaqueira ao lado. E com os pés sujos, ainda me deito no parapeito desse poema e sussurro: " abra mais essa janela". E ele sempre mudo, cego e sem audição relembra:
- "transborda-te; ainda estou aqui. "
E de antemão e sem ressentimentos; ainda choro e alívio essa marginalidade tão feroz e bruta. Esse poema que vez em quando me entende . E quando em vez me insulta. Mas abandoná-lo é engano. É tiro no peito. É sangue no pranto.
Então, ele me margeia e viro o seu personagem sentada sob a jaqueira.
*******************