Ruas de Paris
Esquinas emudecidas, como que se dobrando de frio no fim da tarde. Dos amarelos do outono, os restos de um sol tímido caem sobre o dorso das construções antigas, e fica quieto até se esvair, como que num relicário de saudades.
As flores que pendiam sobre os muros como que uma luxuosa roupagem de festa, agora esmaecidas, cobre calçadas de pedras. A solidão dos paredões desnudos, tristes, mostrando cicatrizes do tempo, parece chorar as vestes desarrumadas no chão.
Desliza um barco nas águas caudalosas do Rio Sena. E das pontes o romantismo acena de uma margem a outra.
O tempo parece gostar de brincar pelas ruas de Paris, como se fosse um menino que fica sempre a espiar os mesmos monumentos e edificações e estar sempre encantado por eles, bem como também fica a sorrir para a esperança das pessoas que transitam carregando seus sonhos.
A noite então despenca das alturas e rapidamente as luzes se prontificam a proteger as ruas. Intensificam-se caudalosamente alisando suas dermes ressequidas de poluição. Um intenso poema se faz sentir nos ventos leves e frios que perambulam solitários, procurando pedacinhos de papéis para chutarem em versos que caem nos casacos e chapéus dos casais apaixonados.