Certa vez eu engoli uns pássaros  pois queria voar. 

Virei  uma pipa avoada...

E os pássaros aprenderam a olhar ! 

Viram cicatrizes em minha alma e um coração abatido.

E eu, pipa avoada, solta no vento, a rodopiar ...

E os pássaros começaram a falar ! 

Falavam tanto que eu não podia dormir, zuniam nos meus ouvidos.

Pipa avoada, rodopiava e com insônia...

A insônia continuava e se eles dormiam, roncavam na minha barriga.  E nem sei se fome sentia.

Pipa avoada  a rodopiar, com insônia e com a barriga roncando de fome...

Era uma fome de voar lá no céu. 

Até que os pássaros começaram a nadar, refrescar-se e fazer estrelinhas nas minhas lágrimas. 

E eu, pipa avoada, rodopiava com insônia, com fome e, toda molhada...

A tênue folha das minhas asas de papel se desfizeram e no chão fui parar, não aguentava de tanto chorar.

Eu engoli alguns pássaros pois queria voar. 

E os pássaros saíram pelos meus olhos nas lágrimas vertidas. 

Voando pelo ar.

Pensei, seria mais fácil engolir umas lagartas  , que crisálida se tornariam e quietas ficariam,  e da minha boca poética borboletas voariam em versos ao vento...

Eu só queria voar! 

 

 

Ana Pujol
Enviado por Ana Pujol em 24/02/2024
Código do texto: T8005812
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