Certa vez eu engoli uns pássaros pois queria voar.
Virei uma pipa avoada...
E os pássaros aprenderam a olhar !
Viram cicatrizes em minha alma e um coração abatido.
E eu, pipa avoada, solta no vento, a rodopiar ...
E os pássaros começaram a falar !
Falavam tanto que eu não podia dormir, zuniam nos meus ouvidos.
Pipa avoada, rodopiava e com insônia...
A insônia continuava e se eles dormiam, roncavam na minha barriga. E nem sei se fome sentia.
Pipa avoada a rodopiar, com insônia e com a barriga roncando de fome...
Era uma fome de voar lá no céu.
Até que os pássaros começaram a nadar, refrescar-se e fazer estrelinhas nas minhas lágrimas.
E eu, pipa avoada, rodopiava com insônia, com fome e, toda molhada...
A tênue folha das minhas asas de papel se desfizeram e no chão fui parar, não aguentava de tanto chorar.
Eu engoli alguns pássaros pois queria voar.
E os pássaros saíram pelos meus olhos nas lágrimas vertidas.
Voando pelo ar.
Pensei, seria mais fácil engolir umas lagartas , que crisálida se tornariam e quietas ficariam, e da minha boca poética borboletas voariam em versos ao vento...
Eu só queria voar!