Artigo indefinido

Hoje senti tanta saudade... Parece que assim, à beira do abismo, o medo ficou maior. De saltar. De me lançar definitivamente para longe de ti. E nesse movimento de ciclo viciado eu sempre volto a nós. Reviro nossas fotos, ouço as nossas canções, revivo toda a ilusão do meu mundo inventado. E, agora, nesse momento de pessoas que vem e outras que vão, tantas perguntas me assombram. Será que vou conseguir deixar essa saudade pra trás? Seguir com o que já me alimenta há tempos, só as lembranças. Será que vale a pena correr todos esses riscos? E se eu me machucar, de novo, como sempre? E nesse turbilhão de sentimentos confusos, os pensamentos se sobrepõem em nuvens esparsas de algodão, e o amor perde o sentido sublime da existência, a paixão fica um tanto anestesiada, as borboletas parecem adormecidas em alguma floresta onírica. Me sinto submersa, sem coragem de sair para tomar fôlego, sem coragem de aceitar um convite pra dançar. Prefiro, ainda, a calma e o silêncio desses dias de chuva. Vou em frente fingindo que não reconheço os sinais. Alimento esses diálogos insanos como livres de outros sentidos. Logo agora que tudo parecia curado, ciclo fechado, você tão longe, em outro universo, longe de mim, como eu tanto precisava para ser em paz e inteira. Logo agora que tudo convergia para a ordem solitária dos dias que tanto me preparei para viver. Já não cabem mais perguntas, e nem respostas. O amor é artigo indefinido. A vida é imprevisível!

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 22/02/2024
Código do texto: T8004662
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