SEMEANDO CONSCIÊNCIAS

Na tela luminosa das redes sociais, onde ecos de vozes multifacetadas reverberam sem cessar, sinto a tentação de bloquear, de excluir, numa tentativa fútil de silenciar os adoradores de fascistas e negacionistas. A estupidez política, qual doença virótica, espalha-se com rapidez, infectando corações e mentes menos alertas, num ciclo infindável de proliferação. Este ciclo é perpetuado por um sistema educacional deficitário, que, focado exclusivamente na preparação de mão de obra, sistematicamente aniquila o fomento ao pensamento crítico e à análise reflexiva.

Oh, como os ignorantes se multiplicam, num assombroso espetáculo de fervor! Vem, então, a tentação solitária de excluir, bloquear, afastar. Assim como também acontece no chamado “mundo real”, sentimo-nos instigados a erigir muros, não pontes; a escavar abismos, não a nutrir diálogos, na busca por sanidade, por um alívio no meio do caos incessante, quando, em verdade, esse caos deve ser enfrentado exatamente do jeito contrário. Não podemos esquecer da beleza inerente às diferenças, ao embate de ideias.

A consciência de classe, farol de esperança neste túnel escuro, sugere um caminho, incitando-me a olhar adiante, a conquistar para ela (para consciência de classe) as consciências de outros explorados, mesmo em meio à discórdia. É no entrelaçamento das inúmeras realidades, no diálogo com o diverso, que podemos recuperar consciências afetadas pela ignorância (no sentido de não conhecer). Nunca por meio do silêncio forçado, que é um grito demolidor, mas pelo entendimento construído, pela paciência de ouvir, pela coragem de questionar e, junto com o outro, progredir.

Para além do horizonte de bloqueios e exclusões, há um lampejo de esperança, a possibilidade de que, mesmo em meio a polarização, seja possível esparramar o entendimento de que somos uma classe e, enquanto tal, nosso verdadeiro inimigo é o capital, seus governos, gerentes dos negócios da burguesia, seja sob comando de ex-operários ou capitães, isto é, de esquerda ou de direita. Essa consciência disseminada será o alicerce para incutir, em um número cada vez maior de corações e mentes, o imperativo de batalhar por um mundo renovado, livre da opressão e exploração de um ser humano por outro.

17.02.2024