A pulso
A pulso
Tenho me obrigado a viver um dia após o outro.
Em meu silêncio, guardo gritos em falsas afirmações de bem-estar.
Se eu pudesse voltar a tenra infância e amar a criança que fui.
Talvez seja ela quem frustra todas minhas tentativas de morrer.
Até mesmo simbolicamente me vejo impedido de senescer.
Perco as palavras e orações de um catártico suicídio literário e encontro suas pequenas mãos a baralhar meu interior.
E então me invade uma corrente de ânimo e vivescência, a chama da pequena vela de minha alma cresce e dissipa as trevas.
A cera escorre torrencialmente queimando-lhe os dedinhos e então ela solta a candela.
Tudo retorna ao ciclo e recomeço a viver a pulso.