A pulso

A pulso

Tenho me obrigado a viver um dia após o outro.

Em meu silêncio, guardo gritos em falsas afirmações de bem-estar.

Se eu pudesse voltar a tenra infância e amar a criança que fui.

Talvez seja ela quem frustra todas minhas tentativas de morrer.

Até mesmo simbolicamente me vejo impedido de senescer.

Perco as palavras e orações de um catártico suicídio literário e encontro suas pequenas mãos a baralhar meu interior.

E então me invade uma corrente de ânimo e vivescência, a chama da pequena vela de minha alma cresce e dissipa as trevas.

 A cera escorre torrencialmente queimando-lhe os dedinhos e então ela solta a candela.

Tudo retorna ao ciclo e recomeço a viver a pulso.

Francisco Grandiel
Enviado por Francisco Grandiel em 16/02/2024
Código do texto: T8000662
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