Uma pretensa paz
É mais difícil amar os humanos
aqui, entre os fogos entrecruzados
dos egos...tão próximos de nós...
mas quando a guerra é distante
do outro lado do planeta...parece mais fácil
agasalhar toda humanidade em um só abraço
e desejar ardentemente a paz.
aqui, em quase tudo, a dor e agonia latentes
às vezes, revestidas de poesia e arte...
um diletantismo despreocupado
ocultando inevitável guerra de mentes...
e quando falamos com tanta familiaridade
de coisas simples assim como amor e amizade
também nos perguntamos: será que existem de verdade?
mas,é nas sutilezas que se revelam as diferenças...
porque é mais fácil reconhecer e lamentar
a guerra armada, em toda sua explícita crueldade
do que enfrentar os pequenos equívocos de todo dia
em que as máscaras se confundem e se revezam, sem cessar.
o mais inquietante em tudo,é ver-se obrigado a definir
o seu lado no conflito...
quando mal se reconhece o aliado sob a máscara forjada...
que, se, repentinamente, em meio à luta, for retirada
pode muito bem revelar uma face comum...a minha face
confundida com a dele.
Ah...enquanto estou aqui usufruindo de uma pretensa paz
ou, do meu direito inalienável de viver...
em algum lugar distante outros humanos, anônimos...
lutam por ela, sem ao menos o saber...