Liberdade 10
Para quê não existe.
Para quê perguntar?
Se existe uma imersão sem volta no inconsciente de tudo, e ali, a morada.
Não tem o porquê temer.
Não tem o porquê surpreender-se.
Aqui, tudo passará.
Iremos.
Sairemos com o aprendizado, e a satisfação de dever cumprido.
Realizar uma função para o Todo. Não há abertura para impor condições. Você vai ou vai.
Faz o que tem de fazer, sem espera, sem o só se for assim, senão não faço, me dê isto que faço aquilo, dou isto e tu me dá aquilo, não farei porque estou machucado, porque não estou curado, porque o mundo me judia, porque vivo o abandono, porque levo prejuízo, porque não sou seu amigo, porquê não é meu irmão.
Isto são barganhas estabelecidas entre os homens para obtenção do lucro, relação de poder, favoritismos e conveniências.
Nestes contextos, há um campo minado a espera para as Almas caírem nas armadilhas do mau uso do poder e da vontade.
Daí, o que era para o bem florescer, onde todo mundo ganha, tornam as Almas presas fáceis para as energias hostis dos mundos Infernais fazerem a festa, locupretarem às custas das vaidades humanas do querer ser, conhecer, conviver, e fazer, de modo fragmentado e desigual.
A formiga não vê um palmo adiante, quando se trata do trabalho a realizar,não querer saber onde o trabalho vai dar. Se terá garantia de sucesso, retribuição e segurança de quem a fez. Trabalha. Mesmo que pouco depois de terminado um formigueiro, feito num solo íngreme por uma centena delas, vier a enxurrada e levar a obra recém acabada.
As que sobreviverem, se sobrarem alguma, retomarão os trabalhos, fazendo nova morada em outro lugar.
Por muito menos, os Salmões, depois de percorrerem contra a correnteza por longa extensão, retornando para onde nasceram, morrendo muitos no percurso. Logo depois de acasalarem, deixam seus ovos, morrendo de forma coletiva. E a geração que fica, nunca conhecerão seus progenitores.
A natureza doa, doa a si sem espera, faz o que tem de realizar.
Há um mando que as coisas sejam assim.
Insubordinado.
E os homens, ainda com a lupa e a pinça querendo compreender o "id" de tudo, até deles mesmos.
Subdividiram e classificaram o pensar humano até chegar no inconsciente, dando a ele nome, fazendo apontamentos.
Mas a natureza da mente humana continua um incógnita.
O fluxo contínuo, o Um que move tudo que há, é indomesticável. Dita o ser que move a formiga, a Serpente, o homem, e ele na diversidade.
Cada um terá que atender o a que veio, encontrar seu lugar, sua função para o Todo, pelo Todo, e com o Todo, Deus.
Senão, a vida não conhecerá.