O Coração e a Dor
Encarcerado pelos medos mais secretos da alma, ali sofria um coração: quieto, calado, dolorido. Era um viver que mais parecia um jazer: todos os dias a dor lancinante se manifestava como a mais pesada de todas as verdades àquele coração, que antes era cheio de sonhos e alegrias. Ninguém podia ver aquele coração morrer diariamente. Os olhos presenteavam com escaldantes lágrimas seu funeral melancólico. Em vida, ele implorava misericórdia à dor, ao passo que ela lhe dizia: "Eu não posso... você sabe que não posso. Neste mundo não existe alívio, nem agora, nem nunca. Meu dever é te acompanhar para onde quer que você vá. Eu sou a única certeza, para todos que aqui ainda hão de pisar".
(Gênnifer Gonçalves)
(2015)