Se fossemos somente nós
Quando formos somente nós,
Tu,
Irás me enxergar?
E o tempo que cabe dentro do meu relógio antigo e dourado,
vai correr devagar, finalmente?
Os teus distraídos olhos buscarão a cada espelho um reflexo teu,
Ou sentirão falta do nosso retrato?
Quando, somente nós estivermos,
serei novamente a sua escolha?
Ouça, meu bem, os poetas que cantam amores,
São os mesmos que se inundam de lágrimas pela vaga madrugada,
tal qual me encontro.
Mas quando formos somente nós,
Tu, irás recolher as minhas lágrimas de saudade
Em teu afeto?
Não me digas que sim, por hora.
Sintas as minhas indagações e seus formatos,
Acolhendo-as.
Guarde as tuas respostas.
O amor terrestre é uma trajetória de risco.
Estou tão disposta a ferir-me gravemente em busca
de tuas flores mais belas,
Quanto estou petrificada e aterrorizada pelo medo
dos intempérios que podem estar à espera.
Quando formos somente nós,
Tu, vais querer escalar também até o topo,
A íngrime montanha a diante?
Abrindo seu peito, recuando as defesas,
Ignorando as futilidades?
Ah... Quando formos somente nós...
somente nós...
Além do tempo,
Do espaço...
Seremos mesmo,
Nós?