Toda Alma
Mudei. Mudei muito. Dos passos velozes, dos dias sem tempo pra nada, do salto ao abismo sem rede de proteção, do cruzar da ponte para além da zona de conforto. Saciei um tanto da minha sede infinita de vida. Mergulhei nas profundezas de mim. Caí. Me feri. Segui um tempo sem rumo na certeza de não mais voltar. Aprendi. Tanto. Desaprendi também. Pessoas se afastaram. Outras se achegaram. E vou adiante. Hoje enfrentando a calma dos novos tempos. Sem a montanha russa. Nem as borboletas por toda parte. Nenhum frio na barriga. As estreias ficaram pra trás. A vida ganhou um novo ritmo. Uma serenidade, às vezes, irritante. Um vazio que ainda não tem sentido. O momento maior da travessia. Sabe, sempre tive muito medo da loucura, sem nunca me dar conta que a lucidez é a forma mais louca de existir. E, nesses tempos de calmaria, momentos em que o Universo me conduziu a internalizar, e vivenciar todas as novidades do caminho, vou treinando um novo modo existencial. Abrindo estradas outras, estranhas e, aos poucos, me conscientizando que as mudanças seguem seu curso, a passos lentos, pra aquietar. Pra respirar e ensinar a sentir. Com toda alma. Com toda calma. Com todo amor.
*Si*