Burburinho
No meio do falatório das vozes desimportantes noto a ineficácia da concentração. Meu cérebro é antimeditativo, porque dá atenção a pessoas inúteis, dá margem aos infames pecados dos seres. Sou como a planície dos pisos do chão, mas humanos são arestas que riscam meu estado de graça, e a cada passo sobre mim, sinto o peso dos conluios perturbarem o silêncio sereno. Falam demais: sobre os amores, os fracassos, a exaustão do trabalho; toda e qualquer meticulosa informação das coisas inúteis. Profanam a linguagem com a maledicência que saliva as suas línguas. Óbvios patifes desalinhados de seus propósitos, julgam os semelhantes a todo momento. Estou farto de presenciá-los, mas já não importa o ciclo social, estão por todos os poros. Micro-organismos que infectam os bons modos.