NEGREIROS

Éramos Reis e Rainhas

Príncipes e Princesas

Tinhamos costumes, crenças, cultura

Mas em nome de um “cristo”

Eles disseram: “não são gente”

Então nos destituíram

Nos mataram

Nos perseguiram

Violentaram nossas mulheres e nossas crianças

Nos sequestraram de nossas casas

Das nossas terras

Das nossas pátrias

Hoje os tempos são outros

E os Negreiros também

Mudou-se os navios

Os porões e as senzalas

Os chicotes e as correntes

Tentaram enganar nossa gente

Criaram as prisões, os muros, os camburões

E as desigualdades

Uma crueldade com um povo

Que nada mais quer que a sua liberdade

Dignidade, igualdade

Em um mundo onde o preto não precise mendigar

Por um prato de comida, uma roupa para usar

Um mundo onde o preto viva com orgulho de ser preto

Ainda somos Reis e Rainhas

Príncipes e Princesas

Somos o povo de um lugar.