Síncope
Minha consciência paira todo o vasto significado de nada saber. Assumo a prosa como a linguagem do indizível e morro para mim como se estivesse morrendo em tudo o que pensei e senti. Sou a prosa sonhada de um homem visionário pairando a existência, ao sorrir para o abismo. Caminho pelos recônditos labirintos do meu ser e eternizo-me no incomensurável do inominável, indefinido e absoluto uno que minha mente tenta abarcar. Na apreensão do conceito perco-me nos juízos e as percepções enganam-me por dizer quando julgo não dizer e ao não dizer quando julgo que está a falar.
Meu beijo para a lápide do meu infinito não ser enquanto dura é a despedida do nomear ao nomear a si mesmo em torno do vazio e do nada; a nadificação do ser. Perdi-me para encontrar e sou o encontro dos perdidos. Na sequência de metáforas tão caras às pessoas que são apenas humanas, demasiado humano a si mesmo na ilha perdida de um dito ser-aí que se encontra com e nada mais se diz sobre ele, acontece e é isso. O fenômeno se desvela para apenas mostrar o quanto o provável ou extremamente provável pode estar completamente errado e este evento jaz impossível; a nossa vida é uma sensação de que há sempre algo a mais a dizer, o cheiro do possível e do infinito. Mas somos apenas a renúncia certa que encontra em si mesmo o deus do mundo, negando qualquer outro cálculo e se direcionando apenas ao que é útil, prático e eficaz.