Dissonâncias
Já havia esquecido o doce sabor do “jogar fora”. Revisitar o passado, matar algumas saudades e perceber que não pertenço mais àquela vida. Então, delicadamente amontoar papéis, agendas, recortes, gentes, sentimentos, estórias e encher um saco de lixo, e deixar ir. Deixar cair em esquecimento. Nada disso fará falta. Minha vida é música. Dissonante melodia de versos torpes. Houve o tempo em que eu não arriscaria um acorde fora do contexto. Hoje me entrego às notas desconhecidas e componho canções que nem sei cantar. Escrevo poemas. Construo um novo mundo. Para mim. Antes para mim. Um dia ainda estarei forte o suficiente para partilhar o meu mundo novo. Quem sabe cantar os versos dissonantes… A felicidade de agora é poder desapegar sem medo. O que for verdadeiro ficará no coração. E seguirá vivo, livre e intenso gravado em mim quando me restar apenas a alma a cruzar os mundos rumo ao infinito!
*Si*