Um Esplendor

Em uma noite de verão

Onde passo vibra

Ao meu redor eu consigo ver

Vidros estilhaçados

Bocas abertas

Risos descompassados

Ao meu entorno consigo sentir

Como se minha roupa fosse um manto

Arrastando braços

Na minha cabeça um esplendor

Vou arranhando e espetando quem está no meu raio

Muitos admirados ficam

Pois não precisam estar perto pra sentir o impacto

Como o homem do outro lado do salão

Um homem galante que sorri

Eu penso que o sorriso é de quem gosta do que vê

Viu a manifestação de um trovão em forma de mulher

Que fala e da boca sai rajada de ideias mobilizadoras

Ele joga um laço e coloca na minha mão uma taça

A taça com uma mistura entorpecente

Fico zonza e lembro de um desenho, era Pinóquio

O que aconteceu com ele na cena em que ele cai de quatro e vira burro, agora acontece comigo

Eu caio de quatro

O homem pega um apagador de chama

Coloca em minha cabeça

Pega um extintor de incêndio

Apaga meu fogo

No lugar da redonda bunda

Nasce um enorme rabo de burro

Ele pega o cabresto

Prende minha boca

Arranca meu vestido e me coloca em trapos

O fascínio de quem vê luz e ouro

Pode tanto despertar paixão

Assim também como um desejo de dominação

Despeito e destruição

Flávia da Silva
Enviado por Flávia da Silva em 14/01/2024
Reeditado em 14/01/2024
Código do texto: T7976318
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