Repouso

Em nossa primeira comunhão, pude repousar meu corpo no manto sacrossanto de teus braços

Deitei-me sossegadamente numa relva, verde como o mais profundo oceano, aconcheguei minha cabeça e te entreguei meu chakra frontal para que você o beijasse e o abençoasse até o fim dos meus dias

Porque quando eu partir, irei em direção ao Portal Eterno, caminhando lentamente à Luz flamejante, ausente no dia do meu nascimento, e agora concedida por tua fiel devoção.

Na minha morte, todas as minhas células irão se separar - e narro-te a jornada delas:

voltar para a Fonte; alimentar vermes; mineralizar o solo; adubar plantas

E cada uma dessas microscópicas partículas estará preenchida pelo mais profundo, comovente e piedoso amor que recebi

Nosso amor deitará na gleba, terrosa e úmida. E digo mais: essas mesmas células irão alimentar uma centena de outros seres vivos que, graças a ti, graças a nós e esse encontro sublime, carregarão, prenhes e robustos, a centelha do Amor Incondicional.

Sabine Kundera
Enviado por Sabine Kundera em 14/01/2024
Código do texto: T7976206
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