Dom Quixote Feminista
Em uma noite entorpecida de álcool
Via que estavam desfocados os casais que passavam
E os pensamentos não paravam
Será que ele a joga dentro do carro em uma discussão?
Será que ele já gritou ou atirou algo nela?
Será que ele já a segurou pela roupa e desferiu socos em sua costela?
Será que ele já apertou o pescoço dela?
Será que ele já fez ela apertar a mão de uma amante dele, ingenuamente?
Eram só casais sorrindo
Com aparente felicidade
A mente embotada de violência, dor
E saturada de ciclos de agressão
Refletia nos alegres casais a lama interior
Talvez se verbalizasse isso…
Alguém poderia dizer: que mulher invejosa
Mas era só uma mulher com experiências de comunicação violenta com o sexo oposto
Já não era o sexo oposto
Era o sexo opositor
Precisava viver construindo defesas para não ser destruída
Abatida, combatia inimigos imaginários
Como uma Dom Quixote feminista
A cerca eletrificada ao redor do corpo estava ligada