Floresta se fecha em defesa de si contra bicho-homem. Explorador caça jeito de se infiltrar na densidade da Mata — se perde e se arreda de medo dos mistérios daqui —, mas o mateiro sabe adentrá-la — isso é respeito que germina e cresce com a gente ribeirinha! —, ouve a Floresta, sabe onde cada bicho habita, conversa com os verdes distintos e conhece que com bicho arisco não se brinca.
Motor esquenta com puxados de corda, solta fumaça escura, com serra sedenta corta e derruba o verde, espanta bicho arisco que se esconde em seu próprio Lar. A motosserra, ao tempo que sustenta, agride o coração da Floresta.
Árvore troncuda, se não rende vintém no bolso de gente intrusa, vira casebre de gente ribeirinha. Amazônia chora pelo tronco derrubado — árvore de tanta vida que oferece é que tem Alma —, mas abençoa pai de família que constrói com as próprias mãos um teto para os filhos crescerem sem mais riscos dos que já têm. De tão caro afeto que há, casa de ribeirinho é grandeza, é Lar.