TEMPO DE NOS AMAR...

 

 

Hoje sobra-me tempo para dizer o que sinto porque as horas já conhecem os meus gestos. Acabaram-se os segredos que por ti ainda guardava no peito. Resta-me somente vivenciar essa loucura docemente. Ludibriado por meia dúzia de palavras que ficaram guarnecidas e o vento não soprou. Então, não ficarei mais calado... Mete-me raiva este silêncio... Tão cheio de tranquilidade e de certezas falsificadas. Em papéis envelhecidos com a tinta demasiado desbotada.

Para conseguir ler o que neles sempre me diz. Prefiro ver a rapidez da tua boca beijando-me com desejo. O tempo a passar lentamente sem saltos bruscos nem espaços vazios que se prendem ao infinito de meu olhar. Mas sei que hoje o tempo sobra... Sobra-me tempo... Tempo para sentir que todas as palavras devem esperar. E serem abandonadas na madrugada. Quando nossas peles grudadas por suores perfumados bailam com gemidos nesse tempo de nos amar...