Outras Vidas
Sábado à noite. Cidade estranha. Ruas boêmias. Bares variados por todos os lados. A música ao vivo atrai. As luzes coloridas afastam. Um pensamento me vem à mente: será que um dia eu gostei mesmo de tudo isso? Dessa vida noturna. Das madrugadas… Tão distante aquela outra vida que hoje não sei dizer se era um comportamento de manada, o movimento natural de querer encontrar minha turma, ou se eu realmente curtia aqueles ambientes escuros, abafados, artificiais. Às vezes as pessoas me dizem, nossa você não é mais a mesma, e eu penso, ainda bem! Como é bom poder mudar, a transformação é o melhor preventivo da saúde mental. Areja a mente, abre portas para novidades. Quando há entrega, podemos experimentar outros universos. Podemos renascer tantas e tantas vezes na mesma vida. Isso é tão mágico. Às vezes um pouco perturbador. Olhar para trás e não se reconhecer. Buscar sentidos que não existem mais. Verdades inventadas. Quando colidem essa e minhas outras vidas eu sinto uma nostalgia, de leve. Respiro fundo. A minha história nunca foi linear, nem quando eu acreditava que era estável. Hoje tenho olhos atentos, sei quando o vazio chega, chamando um novo modo de existir. Sei quando é hora de abrir as asas um pouco mais. Sinto quando o casulo quentinho, seguro, já não me cabe. Vôo com um pouco de medo, a coragem mora aí, me lanço ao desconhecido. Como nestes tempos de uma cura inimaginável. Sei que é hora de crescer. Deixar as velhas certezas no baú das boas lembranças. Inventar novas verdades. Experimentar o mundo como se fosse a primeira vez.
*Si*