A decadência
Penso, como o ser humano pode vir a ser tão ordinário e mesquinho? Como pode esquecer todos os seus heróis? Como pode o ser humano degradar de uma forma deveras abismal as suas virtudes e as suas potencialidades mais sublimes? Ora, caro leitor, todos os meus escritos ficarão para a posteridade e há de durar enquanto houver terra, assim, viverei na memória daqueles que comungam comigo a miséria que é o ser humano, mesmo sabendo que poderiam ser bem mais que isso. Oh marcianos que brincam com as leis, cuidas do teu fígado, ó ignóbil que pisoteias a magnificência, parece que zombas. Júpiter está a observar e a chamar Mercúrio. [...] Ramon nos conta como a dona raposa torna tudo várzea no espetáculo dos sofistas-políticos. Estais entendendo, ó bestas? Não se sujeite a cega sensibilidade. Não se deixe levar por discursos vazios. Não caia nos sofismas. Achas que é o Don Diego? Sequer és. Eis o bisbilhoteiro ordinário.
No entanto, mesmo diante da decepção que permeia estas linhas, vejo uma centelha de esperança, um lampejo de persistência brilhando através das sombras da alma humana. Não há espaço para redenção no caos que descrevo? Poderá a humanidade chegar a Ilacão e elevar-se além do seu próprio sofrimento, uma apoteose a partir das suas limitações auto-impostas? Convido-vos, caro leitor, a se aprofundar nessas palavras e "desvelar" os mistérios abscônditos nas referências de alta cultura, ou melhor, neste fenômeno. Porquanto, tal como as estrelas que adornam o céu noturno, há mistérios a resolver e fatos a narrar.
Os marcianos, testemunham as nossas ações com percepções que vão além dos limites da compreensão humana. Júpiter, o juiz celestial, convoca Mercúrio para testemunhar o intrincado jogo da humanidade. Seremos capazes de lidar com esta maravilha cósmica ou permaneceremos meros atores num drama que nós mesmos criamos? Autores, pois, somos de uma peça tragicômica; filhos do Édipo.
Ramon desvela os intricados jogos políticos dos autoproclamados sábios, enquanto a perspicaz dona raposa tece um enredo de caos, desafiando e, por vezes, subvertendo as convenções estabelecidas. Podemos, por acaso, extrair ensinamentos desses arquétipos e discernir a sabedoria entrelaçada nas linhas do drama humano? Ó bestas adormecidas, despertai para a verdade que se oculta por trás da máscara da sociedade! Em uma era de sensibilidade cega, torna-se imperativo discernir a autenticidade por trás das efêmeras palavras. Não vos torneis vítimas do sofisma que ousa nos determinar (ao nos fazer se identificar) no estágio existencial. E quanto a Don Diego, o aparentemente simples bisbilhoteiro? Que revelações aguardam por trás do véu de sua aparente banalidade? Em cada linha, ergo o véu que oculta a verdadeira face da humanidade. Esta saga persistirá, pois enquanto a terra perdurar, meu labor subsistirá como um testemunho silente da condição humana.