Lamúrias de um nordestino

No sertão, onde o caboclo pé descalço vive a penar,

Sofre os piores pesadelos em sua solidão,

Caminha descalço, amassando a terra em que a sujeira se apega aos vãos dos dedos.

A noite, no leito de palha, a lamparina fumega em sua escuridão, com a fumaça do pavio encharcado de querosene.

São noites mal dormidas, o sertanejo sonha acordado, que um dia tudo pode mudar.

Os pés marcados pela crosta do pé enrugado afundam na terra vil, em que a lua serpenteia na fresta de luz do crepúsculo nordestino.

Seus pensamentos fluem como um rio em cascatas, ao som bizarro dos ventos uivantes nos desfiladeiros da encosta... Será que existe a esperança? Se alguém souber onde ela está, me avise, quero encontrá-la para perguntar por que ela não anda por aqui.

Oh, lamparina que fumega, não se apague,

Deixe a noite abrir dimensões não pensadas,

Leve-me a devaneios onde a fantasia não me trague,

Me deixe não se entristeça, não apague o pavio que fumega da minha alma.

pedroluizalmeida
Enviado por pedroluizalmeida em 23/12/2023
Código do texto: T7960521
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