Leve como uma tonelada
Sentada em um cadeira e sentindo um leve soprar no rosto. Os olhos observando o contorno e o preencher da natureza. O respirar autônomo, harmônico com o bater do coração, como quem vai criando uma bossa nova apaixonada. A mente quase sem velocidade alguma, semelhante a um galão de água filtrada que repousa no aguardo da fluidez para sanar a sede, em total equilíbrio com a paisagem calma que se é observada, que esconde, no zoom ignorado, os detalhes selvagens da luta de dois insetos que disputam alguns milímetros de território, como se não houvesse um imenso espaço que os comportasse. E o que muda, de vez em quando, é para onde o vento faz bailar os galhos das árvores, que abafa os ruídos de uma grande perseguição entre algum gatuno não doméstico e um roedor do mato, detalhes escondidos no horizonte, como troncos de árvores cortados por castores, que flutuam pelo rio e serão usados como peça na construção de alguma morada.