Mito da Incandescência
Somos chamas queimando em nossos próprios multiversos. Uma rua contém dezenas de mundos colidindo no caos da existência. Entrelaço do horror e magia girando na confusão rica da diversidade. Nessa confluência, alguns queimam mais rápido, fogo-fátuo, outros, lentamente.
Porém, todos brilham. Essa é alegoria capciosa, irônica do destino.
Viajando nessa intensidade inflamável, recordo-me de dizeres: "tenha ambição", "seja alguém", "siga propósitos conformistas", ora bons senhores, não percebem a chama se extinguindo? O que é nosso tempo, este mero designo inexistente frente a imortalidade do firmamento? Me digam, céu, inferno, grandeza, felicidade e toda sorte ou azar de traduções, não são criaturas domesticadas para nossa violenta necessidade de sentido?
Estendida na lama, cercada de feras, conto as estrelas, vórtices de poeira morta que ilusórias ardem na sobreposição relativa do tempo.
Você não se reconhece?
Somos chamas tremulando, pontos ínfimos de luz chamuscadas no infinito. Estendendo utopias, nos meandros de delírio realístico, replico se em outro plano longínquo, determinado ser nos mira, imaginando em reflexo, qual é o significado do Mistério, e se existe aprazível unidade verdadeira no girar imparcial e inefável do Universo.