Pausa

Adoro reticências… Uma estrada aberta à infinitas possibilidades. Um passo a mais e… O que há para além do abismo? Desse deserto árido de silêncios, esterilidades, frutos murchos, essa areia tão escaldante que nem o cacto deseja? O que há além do penhasco, senão um mar bravio, ondas revoltas, mergulho sem volta? O poder mágico das reticências, o tanto que há além do impossível. Quanto é possível ressignificar a partir das lacunas de espaço, tempo de pontuar com alma e coração abertos! Deixar o lugar sagrado para que o desconhecido se manifeste em toda sua magnitude. Para longe das tempestades, crises ou caos há um universo novo que só podemos conhecer quando respeitamos o vazio. Aquela tênue linha do antes e depois. Primeiro o desejo de romper o silêncio. A seguir um novo poema. Uma nova pintura. A criatividade de ser o que há depois do último ponto das reticências. Sendo deserto, ou mar há um limite que não nos retém, mas nos faz avançar na busca. Na curiosidade de ver sem os véus. Sem as certezas. No intervalo das palavras que ainda não nasceram há um rio caudaloso, águas quietas que correm para fertilizar o deserto na sede de transmutar dor em encanto. Da aridez dos dias, janelas são escancaradas lindamente com simples…

*Si*