PALADINO DO CERRADO

O brilho da chama de um isqueiro

Clareando paredes feitas de barro

O orgulho era seu whisky sem gelo

E a saudade guardava num relicário

As bitucas empilhadas no cinzeiro

Já a tosse persistente com pigarro

Sorriso amarelo diante do espelho

E o semblante pálido de um sicário

Quem avistava uma vela no cruzeiro

Já previa um acontecimento bizarro

Noturno era desprovido de pesadelo

A sombra da morte nunca foi calvário

Tinha o faro de um cão perdigueiro

Nas suas veias corria o sangue navarro

Ninguém se atrevia a meter o bedelho

Do porquê na mão esquerda um rosário

Dizem que não tem alma, mas um nevoeiro

Seus passos vão onde não chegava um carro

Não perde a pontaria tampouco a cor do cabelos

Comparece ao funeral, mas não assina o obituário

Heloi Lima
Enviado por Heloi Lima em 17/12/2023
Código do texto: T7956042
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