PALADINO DO CERRADO
O brilho da chama de um isqueiro
Clareando paredes feitas de barro
O orgulho era seu whisky sem gelo
E a saudade guardava num relicário
As bitucas empilhadas no cinzeiro
Já a tosse persistente com pigarro
Sorriso amarelo diante do espelho
E o semblante pálido de um sicário
Quem avistava uma vela no cruzeiro
Já previa um acontecimento bizarro
Noturno era desprovido de pesadelo
A sombra da morte nunca foi calvário
Tinha o faro de um cão perdigueiro
Nas suas veias corria o sangue navarro
Ninguém se atrevia a meter o bedelho
Do porquê na mão esquerda um rosário
Dizem que não tem alma, mas um nevoeiro
Seus passos vão onde não chegava um carro
Não perde a pontaria tampouco a cor do cabelos
Comparece ao funeral, mas não assina o obituário