o rumo do rio

Quanta areia, eia, êo; 
barui de chuva caindo,
levando areia pro rio,
Antes lindo e caudaloso;
Hoje deixa nois desgostoso;
Não dá mais conta,
De carregar ele mesmo;
De quem é a culpa meu senhor;
Uns dizem ser dos homens, outros dizem é do progresso;
Outros dizem é assim mesmo, outro é do governo;
Mas não me conformo, 
Com  meu rio não faça isso,
Que destruição;
Lembro que quando menino buxudo;
Chamava Zé Bento pra no rio pescar;
Do meu Parnaíba, trazia crumatás, traíras, mandis;
cascudo;
tinha até boto;
Hoje mal dá uma crumatá;
Ê mameleiro pendente, 
Ê imbuzeiro virado, êô, êa, 
É   pasmaceira êê, é pasmaceira, eia, 
pasmaceira que vem que vai;
É areia que sufoca,
meu Parnaíba, êê, meu Parnaíba eia;
É dejeto, é lixo, enchedeira devorando, 
É mameleiro pendente, é imbuzeiro virado; 
Areia sufocando meu rio, 
Que desce do Sul do meu Piauí, até o grande mar;
E como o Nilo, lá pras banda do Egito, ouvi falar, deságua num delta,
Eu já disse a Quirininho que não fosse tomar banho no rio que tanto amo e ele perguntou  "por que";
Disse-lhe:o rio não ta prá banho, se entrar pega pereba, dá gastura no corpo; 
O meu Parnaíba está seco, seco, e lodoso;
Antes caudaloso,
Hoje dá gastura de ver;
Está prestes a ficar deserto no deserto;
E sem querer lhe assustar;
Acho que o delta pode acabar;
Pois meu Parnaíba,
não tem força mais pra desaguar, 
com tanta força,  até seus enormes braços alcançarem o oceano;
Meu Parnaíba, êo,
Meu Parnaíba, êa;··. 

 

Labareda
Enviado por Labareda em 29/12/2007
Reeditado em 05/06/2015
Código do texto: T795425
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