Lápide
Nos últimos meses tudo tem sido tão estranho, eu ainda tenho uma memória viva e constante sobre coisas felizes, as minhas redes sociais insistem em mostrar o meu eu, a pouco tempo atrás, com selfies e mensagens de amor eterno.
Esse redemoinho de sentimentos, não se dissipam com os ventos, vezes fortes, mas sempre lentos, me fazendo questionar se um dia realmente eu vivi essa felicidade, se um dia realmente o que eu senti foi de verdade, questionamentos pois eu perdi minha identidade, você que era incrível, quis ir embora, mas antes tinha que destruir cada detalhe, cada boa lembrança, pra que deixar traumas, a sua insistência em ser algo terrivelmente ruim.
Eu morri tantas vezes nos últimos dias, que eu tenho dúvida, de qual a real data na minha lápide.
E pra quem diz que ninguém morre por amor, realmente tem toda e completa razão, pois a verdade é, que somos assassinados pelo amor, você me matou de todas a maneiras que conseguiu, você sorria enquanto via a vida me deixando, você comemorou a minha fria, lenta, e triste morte. E não satisfeito com o fim, com meu corpo estirado no chão, sem vida, sem cor, você me pisoteou, pra me fazer caber naquela caixa.
A data exata ainda não sei, mas as frases que você escreveu letra a letra, foram, louca, mentirosa, castigada por Deus, abandonada, eu desesperadamente risquei esses dizeres, mas você escreveu com caneta permanente, ficou cravado na minha mente.
Espero que você possa sentir todo o gozo que procurava, sempre que passar pela minha lápide, você matou alguém que o único erro, única falha, foi confiar em quem amava.