Selvagem

Como é bom andar por aí carregando o peso da autenticidade. Não preciso de subterfúgios, historinhas, pequenas mentiras ou grandes segredos. Tem essa leveza de ser exatamente o que se é. Pode virar de ponta cabeça. Sacudir. Nenhum coelho sai da cartola. Não há truques, nem magias. A delícia é ser, existir na própria pele. Não de cordeiro. Sou loba. Selvagem. Puro instinto. Nenhum personagem. Tudo bem. Eu não sou perfeita! Ainda preciso dissimular alguns sentimentos. Há muito drama aqui dentro de mim e o mundo não merece nada além do meu sorriso sincero. É sincero, sim! Eu escolho sorrir ainda que tudo desmorone por dentro. Essa é a minha verdade. Tá certo… Ainda não aprendi a não me proteger demais. Sei que muitas vezes é só questão de relaxar, fluir, se entregar. Muitas vezes é o que esperam de mim. Mas, sou intensa. Ou mergulho de olhos fechados, sem rede de proteção. Ou me mantenho firme e forte atrás das minhas muralhas de pedra sabão. Frias. Escorregadias. Prontas a serem moldadas por mãos habilidosas, dispostas a enfrentar meus espinhos e derreter minha couraça. Eu sou essa alma rebelde, um tanto confusa, ferida demais, consciente das próprias coragens, medos e fraquezas. Muito longe de alguma perfeição, ou de qualquer arrogância. Meu prazer é todo meu, me superar. Isso é tudo que importa. Mesmo que pese a autenticidade nesse mundo plástico, eu curto pra caramba esse barato de ser de verdade! Carne. Ossos. Coração.

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 29/11/2023
Reeditado em 30/11/2023
Código do texto: T7943138
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