Eco no vão entre nós

Um vazio estridente perdura no vão infinito existente entre nós dois. É apenas ciência, portanto, que nunca seremos capazes de preencher esse espaço quase palpável que abomino. Mesmo que ele tenha um significado apenas a mim, não me restrinjo de odiá-lo por completo; unilateral ou não, o que quer que sinto é real, pois sinto e assim sou. Seja minha experiência diminuída a grãos de areia ou simplesmente ignorada, sei o que quero e sei que o que quero beira o impossível. Não serei só rejeitado pois não há nada nisso que soe certo, é quase não natural. Nossa relação é impura, sempre presa entre a verdade e a fantasia que crio. É algo pútrido, pelo menos de minha parte. E não é sua culpa, mas isso arde como flechas penduradas por todo o meu corpo. O vazio me abraça e queima e, isso sim, parece algo destinado a mim, natural. Então permito que as queimaduras sejam feitas e deixo o fogo se alastrar.