Fragmentos
Sou mulher de revoluções. Quando tudo está quieto demais eu crio o caos. Reviro as marés. Faço tempestades. Preciso renascer. Claro que nada disso é premeditado, planejado, milimetricamente calculado. É o cansaço que dispara o alarme. Quando me percebo exausta demais, elaboro os fatos. Faço um retrocesso, sinto a calmaria. O não merecimento. A crença que a felicidade é efêmera. Que a vida é labuta. Então, vem a compreensão. Sou romântica demais. Intensa demais. Comigo é tudo ou nada. A força dos sentimentos na carne é incoerente com quietude. São processos de escolha inconsciente. Um combate às crenças limitantes. Aos rótulos de preguiça, e improdutividade tão tatuados nas emoções. A inércia não é criativa. Será? Por que essa necessidade de ocupação e movimento a todo instante? Por que não é possível contemplar algo insignificante? Só pelo prazer de respirar, esvaziar, acalmar. Tudo bem, a revolução é linda. A natureza selvagem, cíclica, viva, pulsante é a essência primária. O poder de renascer das sombras é incrível. Acima de tudo vale o respeito. Com cada chamado da alma. Sem culpas, julgamentos ou pressa. Se o desejo é de silêncio, sinta o vazio. Se for de dança, solte o corpo.
*Si*