O bicho.
Estou na rede, imóvel. O vento me lambe o rosto. O tempo e a dúvida, o quase choro, a normalidade náusea do mundo. Fazer com que o que é bicho, vire gente.
O desespero me domina um pouco, penso sobre o sexo, "o fruto tropical abricó-de-macaco é uma esfera fechada, rígida, mas desabrocha exuberante, quente." Lascívia. Aquela da Luisa Sobral, aquele de Manuel Bandeira. Tudo isso me deixa maluco.
Vou ler um pouco. Insônia. "Nada sei: estou atordoado e preciso continuar a dormir, não pensar, não desejar, matéria fria e impotente. Bicho inferior, planta ou pedra, num colchão"
Semana passada eu e pai conversávamos, me dizia um saber antigo, da vó dele. Que no ajudar um amigo, ele não podia fazer pelo outro mais do que a própria pessoa quer pra si. Era assim a frase:
Nunca queira fazer do que é bicho, gente.
Tenho me visto assim, quase bicho, quase homem. Amor é desse jeito, uma domação, amansamento, e paradoxalmente, uma enloucuração total.
É o fazer eterno do bicho, gente.